O que é o pecado contra o Espírito Santo?
Samuel Rindlisbacher
Pergunta: “No aconselhamento bíblico as pessoas perguntam com freqüência: Será que cometi o pecado contra o Espírito Santo? Deus ainda pode me perdoar?”.
Resposta: Só podemos responder uma única coisa àqueles que têm essa dúvida: “Não, você não pecou contra o Espírito Santo!”.
Enquanto estivermos aqui na terra, infelizmente iremos pecar e entristecero Espírito Santo. Todos nós, mesmo depois de salvos, erramos e ofendemos a Deus. João escreve: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos e a verdade não está em nós” (1 Jo 1.8). Infelizmente, a realidade é essa. João afirma que todos pecamos e logo aponta para a possibilidade de sermos perdoados, pois diz no versículo seguinte: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
Para entendermos a declaração que Jesus fez acerca do pecado contra o Espírito Santo: “Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada” (Mt 12.21), precisamos observar todo o contexto das Suas palavras e ir ainda mais além, ampliando nosso foco de visão e voltando ao Antigo Testamento. Uma das finalidades principais do Antigo Testamento era anunciar a vinda do Messias, do Salvador. Autenticando Sua vinda, o Messias faria grandes sinais e milagres.
Quando Jesus começou a atuar publicamente, “indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler” (Lc 4.16). Deram-lhe o livro do profeta, e Ele leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor” (vv.18-19). E acrescentou, referindo-se a Si mesmo: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.21).
Ao fazer isso, Jesus estava reivindicando ser o Salvador prometido, Aquele sobre quem o Espírito do Senhor repousava. Como confirmação dessa realidade, Ele curou enfermos, expeliu demônios, andou sobre as águas, alimentou uma grande multidão com apenas dois peixes e cinco pães e ressuscitou mortos. E foi um passo além, afirmando ser igual a Deus! Uma pretensão monstruosa, não fosse a existência dos sinais e milagres acompanhando Suas palavras e acontecendo exatamente como previstos no Antigo Testamento. As manifestações que acompanhariam o Messias e a legitimação divina de Seu ministério já haviam sido profetizadas nas Escrituras do Antigo Testamento.
Os fariseus sabiam de tudo isso. E sabiam muito bem. Mas isso os colocava diante de um grande dilema: eles tinham de escolher entre admitir que Jesus Cristo era o Messias e crer nEle – correndo o risco de perder sua posição e seu status – ou rejeitar Jesus como Messias – e, nesse caso, tinham de encontrar outra saída para explicar as obras que Jesus fazia.
Infelizmente, escolheram a segunda opção e rejeitaram Jesus Cristo. Isso aconteceu mesmo tendo eles pleno conhecimento dos milagres e sinais e sabendo com exatidão o que o Antigo Testamento dizia acerca do Messias que viria. Sua rejeição a Jesus como Messias deu-se apesar de saberem que Ele era o Messias de Israel! Sua resistência a Jesus era tão grande que eles tiveram a coragem de atribuir aos demônios os milagres e sinais que Jesus fazia por meio do Espírito Santo: “Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios!” (Mt 12.24).
Essa negação consciente da ação do Espírito Santo, sua inarredável rejeição ao Messias prometido, sua não-admissão de que Jesus era o Prometido, sua decisão consciente: “Nós não O queremos!”, os seus planos malignos para tirar Jesus do caminho, seus jogos de poder para manter sua posição, tudo isso foi chamado por Jesus de pecado contra o Espírito Santo.
Ninguém cuja consciência ainda se manifeste, cometeu esse pecado. Se alguém ainda teme ao Deus vivo, não pecou contra o Espírito Santo. Ninguém é culpado desse maior de todos os pecados se ainda sentir culpa diante de Deus ou lamentar seu estado perdido.
Anime-se outra vez e olhe para Jesus! Ele perdoa, Ele tem prazer em perdoar sempre! E de perdoar mais uma vez! A qualquer hora!
Mas se nossa consciência ainda assim nos acusar e não nos deixar em paz, firmemo-nos na Palavra de Deus, que diz: “se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas” (1 Jo 3.20). Deus em Sua graça é maior, bem maior do que a sua consciência em tumulto! (Samuel Rindlisbacher)